O Brasil anunciou o desenvolvimento da TV 3.0, baseada no padrão americano ATSC 3.0, que permitirá que a TV aberta se integre ao mundo digital. Embora essa combinação traga muitas promessas, há dúvidas sobre as possibilidades. Ela não chegará antes de 2026 e terá que competir com outros ecossistemas que já estão em andamento: televisores smart e integradores OTT. Além disso, a TV 3.0 não decolou nos Estados Unidos, seu país de origem. No Brasil, entretanto, parece haver disposição para fazê-la funcionar. A nova geração tem o apoio do estado brasileiro e da Globo, a principal emissora do país, uma parceria que implementou com sucesso a TV Digital Terrestre (DTT) no passado. O principal incentivo é a massividade da TV aberta no país: 50 milhões de lares a têm como principal opção de acesso. TV aberta é um mercado relevante no Brasil A TV 3.0 representa uma mudança radical para a TV aberta, a opção de TV mais difundida no país, pois adiciona a capacidade de interatividade por meio de seu próprio canal sem fio. A TV 3.0 transformará os canais de TV tradicionais em aplicativos, permitindo a agregação de mais conteúdo de diferentes fontes para proporcionar uma experiência sob demanda, segmentada e personalizada. Além das melhorias associadas na qualidade de imagem e som, ela promete um ecossistema que oferece uma compreensão profunda do espectador, o que sustentará as receitas publicitárias. É claro que a TV 3.0 competirá com outros universos existentes: as plataformas multicanais dos fabricantes de smart TVs (60 milhões de dispositivos em serviço), agregadores OTT na TV paga (2,3 milhões de assinantes de TV paga OTT no segundo trimestre de 2024) e possíveis parcerias entre OTTs. A diferença é que esse novo espaço será controlado pelos operadores de TV aberta. Espera-se que os testes da TV 3.0 no Brasil comecem em 2025, com o desenvolvimento comercial a partir de 2026 e 2027. Será necessário um forte desenvolvimento de rede, que o governo afirma ser apoiado por uma linha de crédito dedicada. Embora essa área de negócios pareça estar chegando um pouco tarde, ela está sendo promovida pela Globo, que afirma ter adaptado sua estrutura nos últimos anos para a chegada desse evento. A TV 3.0 já está disponível nos Estados Unidos, cobrindo 75% da população. Lá, é chamada de NexGen TV e não é considerada um sucesso. Após seis anos de desenvolvimento, há apenas uma vaga conscientização da tecnologia. Como não é um fator decisivo na compra de aparelhos, há uma baixa taxa de TVs em serviço: 10 milhões instaladas em 2023. Além disso, a LG decidiu retirá-las de sua linha de produção a partir de 2024. Nesse ecossistema enfraquecido, houve muito poucos casos claros de monetização....